segunda-feira, 30 de abril de 2018

Um brinde ao silêncio!

há um querer que não vai se calar
é a vida que pulsa, independente dos ais...
me sinto, às vezes, embriagada
e é preciso resistir aos apelos do peito
que gosta de desenhar os sentidos
talvez seja medo de morrer sufocado
ou só medo de não ser compreendido
mas é o tempo da calmaria
procurar calar os barulhos internos e externos
aqueles que se ouve sozinho
é dia da festa do silêncio
ouço bem perto sua sinfonia
contradiz a si mesmo, de tanto que me fala!





a tua ausência
teceu em mim
_um _longo _e _áspero _bordado
de silêncios e pedras



Nydia Bonetti

quinta-feira, 26 de abril de 2018

ruas de dentro

representa perigo, o caminho só de ida
alguém sempre desiste de seguir, e pode querer voltar
aí na contramão, sai atropelando tudo que ficou,
mesmo quando é a si mesma..
tenta resgatar o que deixou cair
e não expõe as fraturas só para não agredir seus olhos
caso pise nesta estrada
o caminho de ir, também vem, mesmo quando é proibido.
por isso, sempre precisas olhar antes de decidir qual direção seguir
siga, sem atropelos... se vir alguém na contramão, dê passagem, não bata de frente, nem de lado
deixa que vá ou volte... essa busca de si mesmo às vezes se dá nesse encontro com o outro... mesmo que bruscamente, e nesse perigo de colisão... não que tudo seja por acidente... mas por escolhas sim!
podes decidir sempre. com alguma dor, é fato...alguns prejuízos, é certo! mas às vezes se está sozinho, e os traumas menores...
talvez você decida andar na contramão
talvez seja este o caminho certo
uma vez no caminho, caminhe
talvez o fluxo dos outros te direcionem
ou você pode ser a seta para o outro
ou não existe caminho, só um mar imenso, e eu e você, sejamos farol
talvez não queira navegar e fique sempre imóvel naquela rocha, observando...
talvez sinta muito medo, mesmo na superfície...
antes de dar qualquer nome, já era "para sempre"
as ruas de dentro, não são pavimentadas,
e estão cobertas de folhas,
os mapas tem muitos caminhos
nenhum me leva daqui
estou cansada,não sei desenhar a estrada
e se me projeto no caminho forrado, sinto medo
o chão é de barro... eu também
e a chuva já vem...
hoje faz frio


quarta-feira, 25 de abril de 2018

na memória, o melhor

era para te dizer suas qualidades (determinação, franqueza, bom humor e o cuidado)
seu jeito ponderado é sério, mas com sensibilidade e ternura
que revelam seus valores e seus temores
e falar das minhas necessidades básicas
afeto, pertencimento, autovalor e independência...
concretamente visualizo quando estou próxima demais, sendo útil e importante a quem amo e quero bem... é assim também que me sinto abraçada, especial...
no tempo da reflexão, cuidar do pensamento ajuda a lidar melhor comigo e com o próximo
tentando aplicar aqui todas as lições que faz crescer... e ser melhor

segunda-feira, 23 de abril de 2018

quinta-feira, 19 de abril de 2018

deixar de ser

fora de alcance
não adianta inventar ponte
da desconstrução, não é só quebrar as paredes
é desfazê-las! Tijolo por tijolo... as fraturas são inevitáveis... eu sei.
mas é um jeito de dizer que há partes inteiras a se preservar, a reutilizar...
não dá pra simplesmente descartar num entulho qualquer... ou voltar a pó para nunca mais ser...
o pensamento rejeita essa ideia....
mas vai deslizando aqui dentro das areias e cimentos que me fixavam neles, nos pensamentos...
vai se despedindo de mim e... a esperança é de transformação... o que se desfaz não fica igual, muda!
articulo aqui meus sentimentos, antes cimento, areia e pedras, muitas pedras... sou eu quem devo retirar uma a uma... as que eu souber que não me sustentam... ou que não formam pontes de me ligar... ou a que me é fundamental....
quero Ser mais a cada dia... não deixar de ser...

sexta-feira, 13 de abril de 2018

hearts in fire



...

um casaco de pele invisível

abrigando o silêncio da lágrima

sabe o peso dela quem é capaz

de sustentar seu silêncio

ofertando flores, como fosse

a primavera

sem implorar pelo sol,

ser das estrelas caminho

o plano de voo

tapete de folhas não-mortas

carregadas pela trilha do vento

o mais difícil é pousar

se não vê a pista

quinta-feira, 12 de abril de 2018

no espelho

Quando a poesia dá o sabor na medida do inesquecível...
é como um olhar profundo que invade a alma da gente 
e meio que se perde lá dentro procurando a gente...
e não volta enquanto não se vê ...
às vezes estou eu e o espelho... e a vida passa refletida
e passo a segui-la....

quinta-feira, 5 de abril de 2018

tudo... ou nada feito!

sem raciocínio direito
há um certo equilíbrio
pensar que não se está só
num barco no meio do mar
sob a tempestade
quando se permite ver a luz do sol
não tão distante dali

tudo... ou nada feito!
é mais que uma frase de efeito
sobre tudo que posso abraçar
do lado de lá, do lado de cá
dentro do peito um lago
o coração um barquinho
de papel de seda brilhante
e todo querer navegante
querendo ser bússola
uma só é a direção
e eu quero seguir
lado a lado
(de lá, de cá)
com tudo que sou
...por dentro





quando se quer o melhor lugar

seu abraço poderia ter todos os espinhos
de todas as rosas e espinheiras...
ainda assim, seria para mim, o mais acochegante

(para quem precisar de declaração de amor)

para quando viver for só deixar o ar me respirar

esse ar que já entrou em mim
tão profundamente, aquece e esfria
mas é como"morrer de sede no meio de um rio"



Me calo diante da busca intempestiva pela vida que dá vazão aos sentidos do humano. Encontrei um lagar de nascentes intermináveis. Dele já compartilhei. Mas que fazer se o deserto alheio chora pela secura da alma? Nem o debruço dos olhos marejados por sobre a beirada do abismo arregaça o puro e verdadeiro dos sentimentos. Quando um não quer, não há como o outro lhe entregar o que lhe sobeja o espírito, a alma... É assim que morrem as lavraturas de um lagar de plenitude e sonhos azuis... Enquanto um foge em todas as direções, o outro se debruça sobre a face do abismo...

Maria.

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Para nós ainda haverá muito tempo.
Mesmo que o passemos na solidão
Para nós ainda haverá muito tempo.
Mesmo que seja nas lembranças
Em nossas bocas ainda haverá muitos céus
E uma língua de chuva
Que visitará os nossos lábios
Quando o deserto nos afogar a palavra
Para nós ainda haverá muito tempo.
E uma bíblia de cânticos.
Em nossos corpos será escrito
Para nós ainda haverá muito tempo.
Mesmo que a morte se aproxima
Do amor que nós construímos
Uma canção vai ficar.


Sândrio Candido
Às vezes eu só sei sentir. 
O dizer sobre o que sinto só me chega com o tempo.
Ou não. 
A inteligência que rege os afetos não fala a mesma língua que a razão. 
Outra escola, outra regra, outra lição. 
Às vezes sei entender o mundo, mas não sei entender meu coração.

Pe Fabio de Melo

terça-feira, 3 de abril de 2018

"Fome de amanhã"

essa ansiedade voráz que impede percepções do momento, alimento do agora...
pois, era manhã e anoitecia...
do relógio, os ponteiros imóveis...
nesse instante todos os sonhos dormem.

segunda-feira, 2 de abril de 2018

In.Segura

Nunca soube equilibrar-se
De sobressalto um coração
Vigiado e livre
Canta quando quer silêncio
Porque ama o quanto pulsa
Por um segundo de eternidade
Desenha seu sorriso nos lábios da vida
E sonha desesperadamente tocar esse céu



...




E às vezes cala para ser ouvida