quarta-feira, 20 de abril de 2016

sobre reações difíceis...Sinto muito!




quando o que desenho for expressão do impulso da emoção do momento
é que eu não soube controlar... eu que às vezes tento, só amar...
Ah... dói! Se te ofendes...
antes aqui... aqui dentro...constrange, angustia... dilacera-me por dentro!
as palavras brigam na garganta ... são socos e pontapés, querendo rasgar a pele
querem sair como flecha ou punhal.. Não posso permitir! Por isso inverto a direção...
Te amar, é minha DECISÃO!


"Mil perdões! Eu tinha que errar!"

para dentro...

muitas vezes sou movida pelas emoções
alguns sentimentos me batem mais forte
você lamenta e me aponta o dedo
mas quem leva a surra sou eu
ainda tenho que desenhar as curvas
as mais bonitas...
é o filtro... da (des)importância
me levanto, agora!?


terça-feira, 12 de abril de 2016

Olhos de Pai (12/04/2016)



"Olhos de pai"


Criei coragem de escrever este relato depois de verificar o constante sofrimento por que está passando meu filho de apenas 10 anos, aluno do sexto ano do ensino fundamental.

João Pedro é uma criança alegre, feliz, comunicativa e de muitos amigos. Transforma qualquer ambiente em um grande circo. Tem sempre uma estória para contar e uma música para tocar e cantar. Eclético, mas não esconde a preferência pelo Rock.

Naquela quarta-feira, em que o Ex-Presidente Lula foi conduzido coercitivamente mediante cobertura cinematográfica da grande mídia, depois de um dia inteiro na escola, ainda fez aula de violão e piano.

Mas algo o incomodava, a criança alegre e feliz estava inquieta e agitada. Olhava desconfiado por todos os lados, parecia procurar algo, e ao mesmo tempo não compreendia o que estava acontecendo.

Ouviu e viu na televisão e na internet que as pessoas estavam se agredindo. Sentiu medo, talvez por ser filho de pais que, embora não filiados a nenhum partido político, são filhos da esquerda.

Não aguentando mais seu coração desabou e disse:

“__Pai, olha o que estas pessoas estão fazendo. Vão trazer a ditadura de volta. Eles não têm noção do que os outros já sofreram no passado. Já estudei a ditatura e não quero ela de volta”.

Seus olhos castanhos se avermelharam e se encheram de lágrimas.

Naquele momento, sem querer julgar as ideologias mas pesando os limites que devemos ter em nossas atitudes, por um breve momento notei que a fala do menino se assemelhava à passagem do Evangelho de Lucas 23: 34 :

“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”.


Para confortá-lo, dissemos:

“__Filho, vá tomar seu banho e relaxe, dessas questões o papai e a mamãe se preocupam por você”.

Não sabia o menino que, no dia de ontem (11/04/2016), sua fala seria reproduzida pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal - Marco Aurélio de Mello, no sentido de que se o impeachment passar na Câmara, haverá risco de conflitos no dia seguinte, em razão da reação popular – o que demandaria repressão forte para se manter a ordem.

Passados alguns minutos sai do banheiro, enrolado na toalha, e diz:

“__Melhor mesmo seria se as crianças governassem o mundo. Tudo seria diferente, os adultos só pensam em brigar, tudo é dinheiro”.

Disse, ainda, que não consegue entender como os adultos brigam tanto e estão fazendo seus filhos brigarem com os outros, que se as amizades acabarem é culpa dos pais, se referindo á onda de ódio que se espalha pelo nosso país.

A mãe, como um anjo sempre presente diz: “João Pedro para Presidente”.

O que me deixou preocupado, ao mesmo tempo me fez orgulhoso diante do fato de que meu filho já tem a visão de um mundo melhor e está disposto a lutar por ele.

Talvez o que lhe tenha dado um mínimo de consciência política e social, dada sua tenra idade, seja o fato de ter nos presenciado, desde o ventre da mãe, nos movimentos sociais e religiosos, participando de audiências públicas e outras atividades voltadas para a cidadania.

Embora filho único, ao contrário de tudo que dizem sobre eles, não é egoísta e aprendeu desde pequenino a dividir, a ver os mais necessitados com olhos puros, sem preconceito. Aprendeu a olhar aqueles que estão sozinhos, distantes, e deles aproximar-se e fazer amizades.

Um grande amigo diz que deveria ser embaixador, e que já demostra talento para a política, mas ele só quer ser criança. Não quer nada mais, apenas correr, brincar e cantar, com crianças iguais a ele, independente de cor, sexo, credo religioso e ideologia partidária de seus pais ou cor da camiseta que usam.

Está cansado de ouvir que tudo está difícil, dos adultos, seja na igreja, escola e outros seguimentos, quererem lhe tirar a esperança, afirmando que o mundo só está piorando e que tudo vai acabar.

E quanto a mim, se perguntares o que quero, só posso dizer que não quero mais ver o medo nos olhos do meu filho, por isso fizemos a opção de que do nosso lado só teremos otimistas.




(Edson e Rose)