segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Apenas meus olhos

nessa minha pele tatuada de sentimentos tão profundos... tão sentidos
imprimo um coração que vive de silêncios, embora, percutindo minha vida no seu ritmo
tantos quereres compartilhados nas entrelinhas e nos traços desse desenho de cor, que não é a sua
mas apenas meus olhos passeiam aqui

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

No coração do outro

... é um exercício diário sair dessa plataforma de esperas... às vezes onde a gente se sente pertencida é numa dessas estações de ficar... às vezes eu fico por pura preguiça, sem esperançar... e talvez a gente signifique muito para o outro, mas pra gente mesmo, que coleciona fracassos, que se cansa de dar um passo...que as vezes quer uma mão, um ombro, um colo... talvez não saibamos ou não caibamos na dimensão dos braços que nos dão... e sentimos como que se caíssemos de nós mesmos em pedaços fraturados pelo abandono

In.Vasão

rouba-me o ar, que dependo para viver...
embora me poupe desse movimento, ou ao menos não tomo consciência dele voluntariamente...
ele que insiste em me manter viva... embora as vezes  sinto cheiro de morte...
é preciso coragem para alcançar profundidades... mesmo não querendo ir tão fundo...
minhas memórias... rostos, cheiros, sons... digitais!
eu ainda preciso me lembrar no mesmo exercício habitual que a vida pede para viver
a saudade e esse querer... invasor como a respiração...
tomo um gole de consciência dele todo dia, 
embriagando o coração que hoje soluça

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

BLUES DA CHUVA



Aguacero
belo músico
aos pés de uma árvore desfolhada
em meio às harmonias perdidas
junto de nossas memórias derrotadas
em meio às nossas mãos de derrota
e dos povos de estranha força
deixamos abaixar nossos olhos
e nascer
desatando as cordas de uma dor
nós choramos.





Aimé Césaire (1913-2008)

Foi poeta, dramaturgo, ensaísta e político. Um dos idealizadores do conceito de negritude