sexta-feira, 4 de agosto de 2017

gosto da palavra tão completa no silêncio...
nesse que vem me falar das coisas intraduzíveis...
e abraça todos os pavores e tristezas,
protege você de algum rancor, de algum bolor, desse inverno
essa palavra inversa, de som absurdamente mudo, muda a rota
da dor, para que não saia e não fira ...
tem vez que eu deito nessa pena de viver
pregando as palavras mudas no peito
regando de um balsamo nutrido de todo sentimento
tanto, que numa gota, vou-me toda...
tem muitas palavras que estão desistindo de nascer
elas tem medo, de ser exatamente o que são...
elas querem ser as asas e o pouso...
o sono e os sonhos
a dose e o exagero
o orvalho e a chuva
o vento e a tempestade
querem dizer que são mais do que o som
e os seus contornos...

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