segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

emprestando as palavras do poeta...


"Às vezes, me devoro com os olhos...
Olho-me... com estranheza, espanto imerecido,
questiono o imprevisto, o que de súbito caiu como uma tempestade,
e encharca a alma, e despenca em lágrimas... face abaixo,
abrindo um vazio, um buraco, uma imensa cavidade.
Às vezes, avidamente me contemplo...
Olho-me... com beleza e pasmo... feliz... estou embevecido.
Danço em alegria, conto estrelas... faço poesia,
e em noites de silêncio, agarro a minha alma e ela em mim,
e nós, nos aquecemos em madrugadas de calafrio.
Outra hora... vejo-me assim... tomado de sofreguidão,
e depois... um contentamento me abraça em êxtase,
e sutilmente vem abater a minha aflição.
Mais pareço... metades:
Sou inquietude e calmaria... noite e dia,
celebro o afortuno, e depois me calo em frente... a agonia.
Às vezes me encaro... em busca dos meus limites, do que sou,
como não consigo encontrar coerência no meu existir,
provoco os meus acertos e desafio os meus erros,
desabo ali... levanto em seguida, e assim, sucessivamente... eu vou.
Não quero saber quem inventou a distancia, nem o tempo,
não quero saber quem criou a incerteza, nem a dúvida,
tão pouco necessito conhecer quem trouxe a alegria e a dor,
só sei que tudo é fugaz como uma ventania,
hora... o destino me diminui, outras vezes me permite recompor.
E tudo vem... às vezes como um temporal sem fim.
Traz desventura, amargura, depois... riso e destemor.
Outras vezes instala como um posseiro e não sai de mim.
Só sei que... isso também passa...
Some o desassossego, desfalece a inquietação,
e a alegria vence a solidão.
Aí eu... tento outra vez... sonho de novo,
a vida não vai morrer comigo... tudo é uma doce continuação,
minha dor só serve para mim, minha alegria... espalho... por aí,
e para os outros... deixo a elegância do meu riso,
mas, sei que isso também passa...
mas se preciso,
deixo o que jamais desprende da minha alma,
e “isso nunca passa”...
o meu amor." - Ari Mota - Isso Nunca Passa

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