quinta-feira, 14 de maio de 2020

voracidade...




tamanha fome de vida em pensamentos
que não acompanham os gestos



... espere por mim
caminho complicado esse de dentro...
como nunca antes pisado



quero caber em cada passo...
no abraço, no colo, na paisagem desenhada
em teus olhos...
selvagem e contido

não alcanço seus passos
a dor chega, mas não há choro
mesmo quando dói
a vida é magnifica!

e não dói só pra mim

devoram horizontes, mas não reconhece os detalhes
olhos sem visão... ouvidos sem escuta....abraços sem calor

fria e envergonhada... também fico zangada, cometo os mesmos erros, por orgulho ou vaidade...

olhe com ternura um pouco mais

terça-feira, 5 de maio de 2020

estrangeira



sinto como se tivesse bocas por todo o corpo, na pele e seus poros, nos fios de cabelo...

como se precisasse soletrar muita vida, cantar todos os sentidos...

e não tenho olhos para ver que todos estão repletos de bocas... e de dentes... e muitas línguas afiadas e me soam como língua estrangeira sem tradutor...


penso que pudesse ser eu uma artista, dessas que desenham belezas, pudesse também rascunhar uns ouvidos no corpo... um coração na cabeça... desses de criança espontânea e inocente, que não sabem ferir...

disposta a aprender... como vi hoje de uma artista, ao amassar um papel, se imaginar: é meu corpo! que não posso esticar pra fora, mas posso pra dentro... foi uma poesia pra dizer respeite seu espaço de dentro, é imenso pra crescer!

seja flexível ... desenhe uma vida com contornos de amor e bondade. como se todo o corpo fosse um coração que pulsa o silencio das sementes....