terça-feira, 4 de setembro de 2018



"Não sei porque floriram no meu rosto

os olhos e os rostos que há em ti.

Floriram por acaso, ao sol de agosto

sem mesmo haver agosto ou sol em mim.


Não sei porque floriram: se o orvalho as queima

(Ponho as mãos nos olhos para os proteger!)

Tão estranho! florirem no meu rosto

olhos e rostos que não posso ver."


-Eugênio de Andrade para Sophia de Mello Breyner, Fevereiro de 1946